Na década de 90, as duas principais tendências que estavam na moda nas empresas eram a Reengenharia e o Downsizing. Em comum, elas tinham a visão radical em mudar processos e operações… Eliminar era a ordem!
Estas iniciativas falharam miseravelmente em gerar valor para as empresas.
A reengenharia se tornou um sinônimo negativo de iniciativa empresarial, pois, a ela foram atribuídos inúmeros desastres empresariais.
A tão esperada transformação não ocorria, pois, os projetos eram conduzidos de modo superficial, mal planejados e implementados, desconsiderando aspectos culturais e a gestão da mudança, que virou “digestão da mudança”.
Tinha tudo para dar errado! E deu!
70% das iniciativas de Reengenharia fracassaram em atingir os resultados esperados, segundo Michael Hammer, o “Pai da Reengenharia”.
O que a Agilidade e a Transformação Digital têm com isso?
Tudo! Muitas empresas, mal assessoradas tem utilizado a Agilidade como desculpa para a “anarquia organizacional” e a Transformação Digital, que muitas vezes só digitaliza/automatiza processos ruins ou sem repensá-los.
Quer um exemplo? Um grande banco estatal, criou uma “fila digital” para acessar o aplicativo no celular. Isso mesmo, pegou um conceito das agencias físicas e o transportou para o digital, da pior maneira para seus clientes. Ou seja, a Transformação Digital na sua pior visão.
O contexto da pandemia impulsionou a Transformação Digital e a Agilidade, como “emergenciais”. Isso gera o efeito manada, as empresas assistem as outras fazendo, não querem ficar de fora e resolvem também aderir a moda!
No centro e como pivô desse “Terrorismo da Agilidade e da Transformação” a arrogância e prepotência de alguns evangelizadores do tema com o prognostico: a sua empresa tem que se transformar ou se tornará a nova Kodak… Será mesmo?
Penso que esse slogan alarmista, além de batido é superficial!
O Medo potencializa vendas!
Se aproveitam de pessoas confusas em meio a avalanche de acontecimentos, do excesso de informação sem uma curadoria, para vender o terror descompromissado em busca de dinheiro fácil com treinamentos e consultorias, muitas vezes superficiais, que focam muito no “o que” fazer e não no “como fazer”. Agem como vendedores oportunistas, gerando desconforto como gatilho principal de vendas.
E muitas empresas cobaias, vão direto para os projetos de Transformação e Agilidade, sem estudar o tema de modo responsável. Sem realizar a pergunta chave: Projetos de Transformação Digital e Implementar a Agilidade, vão levar a empresa mais próxima da sua visão de futuro? Da sua estratégia?
Como um engenheiro ao planejar um prédio precisa definir o seu uso e finalidade para ser construído, assim também, precisa ser o emprego da Agilidade e da Transformação Digital. A agilidade é sobre adaptação e aprendizado, mas não podemos trair o que nos trouxe até o dia de hoje! O que nós somos e o que faz de nós únicos!
O físico, não vai morrer, nem desparecer. Precisamos de uma casa para viver e ainda nos alimentamos de comidas físicas e não virtuais.
O seu setor, não vai evaporar, do dia para a noite!
Tome cuidado se te falaram isso!
Não é um chamado para resistir a mudança, mas estarmos atentos com elas e nos adaptarmos de modo saudável, condizente com quem somos. Sobrevive aquele que se adapta melhor! Já dizia Darwin.
Adaptar não é copiar o que o concorrente faz, que aliás, pode ser o caminho para o precipício. Seguir ele pode te levar para o mesmo destino, que talvez não seja o lugar aonde você deseja chegar.
A empresa precisa ter clareza nos seus anseios de modo sensato (o que queremos e o conseguimos atingir), sem a ilusão romântica de que nosso negócio é igual ao Uber, Netflix ou Airbnb (essa última passou por uns sérios problemas esse ano, com as drásticas mudanças).
Por isso, não se compare as plataformas digitais.
Aliás, não se compare.
Crie o seu próprio caminho!
Precisamos encontrar a vocação clara do negócio, em que arenas queremos ser excepcionais e quais processos podem ser padrões de mercado (sem a necessidade de serem os melhores processos do mundo, pois, quanto maior excelência, maior o custo).
Por isso, cuidado com a sua dieta de informação! Com seus conselheiros, quem você lê e quem você ouve!
Tenha o pé no chão, mudar sim!
Mas sem desespero!
Com consciência e responsabilidade!
Vamos juntos?
Texto Originalmente Publicado por Prof. Yuri Lazaro de Oliveira Cunha no Jornal Empresas & Negócios de 09 de dezembro de 2020.
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